terça-feira, 9 de agosto de 2011

A Educação está em crise?

Estamos vivendo dias de instabilidade na área de educação. Falta de respeito aos educadores e aos educandos, não só por parte do poder público, como dos próprios educadores.  Mas isso não é infelizmente algo novo, é antigo, acreditem muito antigo. Paulo Freire já falava isso em “PEDAGOGIA DA AUTONOMIA, Ed;1996”:
Educação é um ato político, defendia ele. No trecho abaixo, ele fala sobre a luta pelos direitos dos educadores, afirmando que este é o direito dos educandos, e menciona a necessidade de se rever como forma de lutas a formação dos docentes e a própria eficácia da greve. Vejamos o que ele diz:
“Estudar exige humildade, tolerância e luta em defesa dos direitos dos educadores.
Se há algo que os educandos brasileiros precisam saber, desde a mais tenra idade, é que a luta em favor do respeito aos educadores e à educação inclui que a briga por salários menos imorais é um dever irrecusável e não só um direito deles. A luta dos professores em defesa de seus direitos e de sua dignidade deve ser entendida como um momento importante de sua prática docente, enquanto prática ética. Não é algo que vem de fora da atividade docente, mas algo que algo que dela faz parte. O combate em favor da dignidade da prática do docente é tão parte dela mesma quanto dela faz parte o respeito que o professor deve ter à identidade do educando, à sua pessoa, a seu direito de ser. Um dos piores males que o poder público vem fazendo a nós, no Brasil, historicamente, desde que a sociedade brasileira foi criada, é o de fazer muitos de nós correr o risco de, a custo de tanto descaso pela educação pública, existencialmente cansados, cair no indiferentismo fatalistamente cínico que leva ao cruzamento dos braços. ‘Não há o que fazer’ é discurso acomodado que não podemos aceitar.
O meu respeito de professor à pessoa do educando, à sua curiosidade, à sua timidez, que não devo agravar com procedimentos inibidores exige de mim o cultivo da humildade e da tolerância. (...) Como ser educador, se não desenvolvo em mim a indispensável amorosidade aos educandos com quem me comprometo e ao próprio processo de que sou parte? Desrespeitado como gente no desprezo a que é relegada a prática pedagógica não tenho por que desamá-la e aos educandos. Não tenho por que exercê-la mal. A minha resposta à ofensa à educação é a luta política consciente, crítica e organizada contra os ofensores. Aceito até abandoná-la, cansado, à procura de melhores dias. O que não é possível não é possível é, ficando nela, aviltá-la com o desdém de mim mesmo e dos educandos. Uma das formas de luta contra o desrespeito dos poderes públicos pela educação, de um lado, é a nossa recusa a transformar nossa atividade docente em puro bico, e de outro, a nossa rejeição a entendê-la e a exercê-la como prática afetiva de ‘tios e tias’. É como profissionais idôneos – na competência que se organiza politicamente está talvez a maior força dos educadores – que eles e elas devem ver-se a si mesmos e a si mesmas. É neste sentido que os órgãos de classe deveriam priorizar o empenho de formação permanente dos quadros do magistério como tarefa altamente política e repensar a eficácia como tarefa altamente política e repensar a eficácia das greves. A questão que se coloca, obviamente, não é parar de lutar, mas reconhecendo-se que a luta é uma categoria histórica, reinventar a forma também histórica de lutar. (...)”
Caros amigos, nós gostaríamos que após a leitura do texto acima e também diante de todas as informações que você já tem a respeito da luta dos profissionais da educação pelo respeito à educação e ao salário digno, ao respeito a sua profissão e conseguinte, ao próprio aluno, mesmo com esta greve atual, emita uma opinião, fale alguma coisa, se manifeste.
Só assim, todos nós teremos oportunidades de trocarmos informações, conhecimentos e quem sabe, possamos começar a melhorar o quadro atual nesta área tão importante em nossa sociedade.

Cícera Maria
Coord. Prog. Escola Aberta- CEBS

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